Estava
aflita e preocupada. Peguei minha caderneta de endereços e lá estava o nome
daquele senhor: Zacarias. Contaram-me que ele possuía dons de cura e sabia ouvir
as pessoas. Morava no estado do Rio de Janeiro. Jamais o
conheci. Perdi a conta dos telefonemas que fiz para ele. Nem sempre pedindo
para mim, mas para os amigos, doentes e apaixonados.
Vocês podem me perguntar:
“Ué,
você não tem o dom da mediunidade? Precisa procurar outros médiuns?”
Pensam que a mediunidade é um dom de
poucos ou algo sobrenatural. Não é; a mediunidade é algo natural. Tão natural
como um botão em flor que desabrocha em rosa perfumosa. Pensam que a
mediunidade traz doenças, obsessões e dor. Acham que o grande médium Chico
Xavier sofreu demais por ser médium. As pessoas vão pela teoria do achismo em
vez de perguntar, estudar e refletir.
Às
vezes, acham que o médium é um ser poderoso que vive entre os dois mundos e
sabe todas as respostas. Está conectado com os bons espíritos o tempo todo.
Precisa fazer caridade porque tem um karma para resgatar de outras vidas. Ou
acham que o médium sofre demais...ou então é um santo. Nem uma
coisa; nem outra. Aqui na Terra sabe de alguém que já não tenha sofrido ou
perdido algum ente querido pelas portas do desencarne? Conhece alguém que viva
em constante felicidade? Aprendi também a lei da atração e da mente, o
pensamento positivo, etc.
Mediunidade
não é doença! Recebo muitos e-mails de pessoas que vêem espíritos, ouvem
espíritos e morrem de medo! Morrem de medo do desenvolvimento, de centro
espírita, enfim, um monte de baboseiras. A mediunidade não é fruto do
Espiritismo, mas está em todas as religiões. O padre que celebra uma missa pode
estar sendo instrumento dos Espíritos do Bem. O pastor que ora por um doente
pode estar sendo beneficiado por anjos de cura. O pai de santo que joga os
búzios está sendo inspirado pelo seu orixá que nada mais é do que: o senhor da
luz.
Mediunidade
é o dom de se comunicar com os espíritos desencarnados. Ás vezes, não
percebemos, mas somos influenciados por espíritos desencarnados o tempo todo.
Algumas pessoas sentem sua presença de forma ostensiva. Outros têm uma leve
sensação da presença de alguém, sentem perfume ou até ouvem a voz de um
espírito desencarnado.
Não há
motivo para ter medo da mediunidade.
Desenvolver
a mediunidade é ter um elemento a mais para prosseguir e seguir na marcha da
evolução. A mediunidade serve ao próximo, mas precisamente ao próprio médium.
Ele, muitas vezes, precisa ouvir as mensagens psicografadas, aprender os
ensinamentos para ser uma pessoa melhor. Ser médium nem sempre significa
percorrer uma estrada cheia de espinhos ou dor. O médium vigilante, estudioso e
fraterno tem muita assistência espiritual dos seus mentores, mas falha como
qualquer outra pessoa. O sofrimento advém das suas falhas, mas não da
mediunidade em si. O dom vem dos espíritos e não propriamente dele mesmo.
Mediunidade é a comunicação entre os dois mundos. O médium não tem privilégios,
mas tem uma oportunidade de aprender e evoluir assim como qualquer ser humano.
Médiuns
missionários são aquelas pessoas evoluídas que reencarnam na Terra para doar
amor e luz e ser os correspondentes da Espiritualidade Maior na Terra. São
espíritos evoluídos, mas reencarnam por Amor e não somente por dever.
A maioria
dos médiuns tem o dom ostensivo para aprender mais talvez porque precisem amar
mais... Erros do passado podem ser resgatados através da mediunidade, mas isso
não significa uma existência de dor e sofrimento. Isso depende de como a pessoa
usa seu dom e como vive na Terra...
Continuando... O telefone tocou e seu Zacarias
atendeu. Contei rapidamente meus problemas e a preocupação com a saúde de uma parente. Ele prometeu orar e contou que em três dias haveria a melhora.
Realmente, isso se procedeu. Várias
pessoas obteram resultados através das suas preces milagrosas. E eu jamais
soube quem era ele... o que fazia e que tipo de vida ele levava... Estava
preocupada com minhas dores...e as dores da minha família.
Assim
conheci vários médiuns caridosos e bons. Eu me lembro agora de dona Catarina uma
senhora bondosa que rezava por todos que ligavam para ela. Sua intuição apurada
era tão clara que ela adivinhava a cor da roupa que
usávamos. Sim, tive o privilégio de conhecer vários médiuns. E aprendi muito
com eles! Lembro-me da dona Marta - uma médium( já desencarnada) que tinha uma preta velha muito sabida e alegre. Quando cheguei ao seu terreiro era bem jovem e estava muito doente. A preta velha brincou sobre minha magreza mas disse que eu ficaria curada. Pouco tempo depois fiquei completamente curada. Ela previu também que eu era médium e teria que desenvolver o dom. Lembro-me do senhor Luiz( já falecido) que recebeu meu pai e eu em sua casa. Não frequentava casa espírita mas fazia caridade em sua própria casa. Recebia entidades maravilhosas.
Lembro-me do sr P. que morava em Cachoeira e trabalhava com guias de umbanda em sua casa. Estava aflita para engravidar e tratamentos médicos não davam resultado. Ele me passou um banho repleto de ervas perfumosas que fiz com muita fé. Engravidei rapidamente.
Fiz uma excursão com meu pai para Minas Gerais para divulgar o Movimento de Fraternidade( que foi passado pelos espíritos Sheila, Zé Grosso, Palminha, e tantos outros). Havia muita gente e conheci uma senhora de cabelos bem branquinhos. Tinha olhar vivo e se recuperava de uma enfermidade. Ela conversava com os espíritos e falou muita coisa sobre mim. Conheci também uma senhora testemunha jeová que tinha dons de cura e orou por mim quando estava deprimida. Tive o prazer de conhecer uma irmã de caridade que mesmo acamada fazia curas maravilhosas! E também conheci um padre alemão que fazia curas miraculosas. Pessoas vinham de todos os lugares para conversar com ele e obter a cura espiritual ou física. Eram pessoas normais e de diversas religiões. À medida que eu for lembrando vou contar minhas experiências com a mediunidade. Quero demonstrar que a mediunidade é tão natural como comer, beber, dormir, viver e sorrir...
Há alguns
anos, liguei novamente para seu Zacarias para contar sobre a morte da minha mãe que
sempre ligava para ele. Ele sempre atendia os telefonemas. No entanto, naquela
tarde foi a esposa que atendeu meu telefonema. Seu Zacarias tinha tido um A.V.C
e estava no hospital. Fiquei triste e perplexa. Suas orações eram tão
miraculosas. Agora, era a vez da gente rezar por aquele médium. Achei que seu Zacarias jamais morreria! No entanto, ele adoeceu e morreu como qualquer ser humano! Aprendi também naquela época a confiar mais nos meus guias e em mim mesma. A dependência emocional de médiuns não é positiva. Temos de aprender a orar, confiar e ter fé. Os bons espíritos estão em todos os lugares: em nossa casa, na rua, no ônibus, na igreja, no centro espírita e no terreiro. Todos nós médiuns ou não temos a proteção espiritual do anjo de guarda. Fazer do médium uma muleta para nossas neuroses e dependências pode ser muito nocivo.
Dias depois
tornei a ligar pra ele e a esposa novamente atendeu meu telefonema. Fazia uma
semana que ele tinha desencarnado. Pelo bem que fez seu desencarne foi
tranqüilo. Dona Catarina também faleceu depois de uma enfermidade prolongada.
Saúde ou doença nada tem a ver com o dom da mediunidade, mas sim com o estágio
evolutivo de cada um.
A luz é para todos! Todos nós podemos ter acesso a essa conexão maravilhosa da Espiritualidade Superior! Muitas vezes, os espíritos nos livram de perigos, doenças e acidentes e nem mesmo percebemos.
A
mediunidade é luz e fraternidade!
Se você tem
sintomas de mediunidade não tenha medo! Essa luz espiritual quando bem
direcionada vai iluminar você e todas as pessoas que você ajudar. No entanto,
se cuide bastante porque a mediunidade é um dom que precisa de exercício,
disciplina e constante reforma íntima!
Seja feliz!