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quarta-feira, 11 de maio de 2016

Entrevista com Dr. Freud -Final



    

   Depois de um rápido intervalo onde o Dr. Freud descansou um pouco na varanda da sala retomamos a entrevista. Seu olhar profundo,a inteligência viva, brilhante me impressionou profundamente. Ele voltou para à sala e se sentou no sofá. Eu me recompus e abri o notebook.Tentei ficar no controle das minhas emoções:

R.M: - Dr. Freud, fale um pouco sobre Charcot. - pedi olhando para ele. O que lamentava profundamente era a impossibilidade de gravar ou filmar a entrevista. Freud foi irredutível !Algo no olhar de Freud era impenetrável. Afinal, tentar analisar Dr. Sigmund Freud era muita pretensão!

- Freud: - Você deve saber como nós nos conhecemos. Está nos livros- afirmou num tom de voz um pouco amargo. Será que ele duvidava de minha formação acadêmica? E do meu verdadeiro interesse pela psicanálise? Ou será que penetrara no meu pensamento? Certamente descobriu minha paixão pela obra de Jung.

"Não! Eu estava começando a delirar."- pensei. Freud prosseguiu:

- O que mais me impressionou enquanto privei com Charcot foram suas investigações acerca da histeria, algumas delas levadas a efeito sob meus próprios olhos. Ele provara, por exemplo, Sandra, a autenticidade das manifestações histéricas e de sua obediência a leis, a ocorrência frequente de histeria em homens, a produção de paralisias e contraturas histéricas por sugestão hipnótica e o fato de que tais produtos artificiais revelavam, até em seus menores detalhes, as mesmas características que os acessos espontâneos , que eram muitas vezes provocados traumaticamente.

R.M: - Histeria em homens? - perguntei com certa ironia. Freud sorriu.,

Freud: - Por que não? Muitas das demonstrações de Charcot começaram por provocar em mim e em outros visitantes um sentimento de assombro e uma inclinação para o ceticismo, que tentávamos justificar recorrendo a uma das teorias do dia. Ele se mostrava sempre amistoso e paciente ao lidar com tais dúvidas, mas era muito resoluto.

R.M: - O que aconteceu depois? - perguntei curiosa erguendo os olhos do computador.

Freud: - Antes de retornar a Viena, passei algumas semanas em Berlim , a fim de adquirir um pouco de conhecimento sobre os distúrbios gerais da infância. No outono de 1886, fixei-me em Viena como médico e casei-me com a moça que ficara à minha espera numa distante cidade há mais de quatro anos. Durante o período de 1886 a 1891, realizei poucos trabalhos científicos e não publiquei quase nada.

Freud casou-se com Martha Bernays em 1886.

R.M: - Quando o senhor se convenceu da autenticidade dos fenomenos da hipnose? - perguntei. Gostava dessa parte da bibliografia de Freud. Será que ele sabia que atualmente, a hipnose está sendo usada também para acesso a vidas passadas?

Freud: - Enquanto ainda estudante, assistira a uma exibição pública apresentada por Hansen , o magnetista, e notara que um dos pacientes com quem se fizeram a experiência se tornara mortalmente pálido no início da rigidez cataléptica, e assim havia permanecido enquanto aquela condição havia durado. Isso me convenceu firmemente da autenticidade dos fenomenos da hipnose.

R.M: - A hipnose era aceita entre os psiquiatras daquela época, Dr. Freud? - indaguei demonstrando interesse.

Freud: - Não. Na opinião dos psiquiatras, o hipnotismo não era somente fraudulento, mas também perigoso, e consideravam os hipnotizadores com desprezo. Refleti sobre o quanto a hipnose ainda era utilizada na psicologia e também em tratamentos para largar o vício de fumar e beber. E também a auto-hipnose muito positiva para relaxar e conduzir ao sono tranquilo.

Freud olhou para mim e sorriu. Sim, era quase certo que ele estava lendo meus pensamentos:

Freud: - Interessante o que você pensou. E já estou ciente do papel que tem a hipnose dentro do contexto atual.- afirmou. Eu fiquei levemente corada e não consegui disfarçar.

R.M: - Nos seus primeiros anos de atividade como médico, qual era seu instrumento de trabalho?

Freud: - Afora os métodos psicoterápicos aleatórios e não sistemáticos, foi a sugestão hipnótica.

R.M: - Quais eram as limitações para um tratamento com sugestão hipnótica?

Freud: - No começo, haviam dois pontos possíveis de queixa em primeiro lugar, que eu não era capaz de hipnotizar todos os pacientes, e em segundo, fui incapaz de por os pacientes individuais num estado tão profundo de hipnose como teria desejado. Com a ideia de aperfeiçoar minha técnica hipnótica, empreendi uma viagem a Nancy , no verão de 1899, e ali passei várias semanas.

 R.M: - O senhor comentou que entre 1886 e 1891, não publicou quase nada. Por que?

 Freud: - Estava ocupado em estabelecer-me em minha nova profissão e em assegurar minha própria assistência material, bem como a de uma família que aumentava rapidamente.- explicou com bom humor. Freud teve seis filhos.

 R.M: - Como o senhor utilizava a sugestão hipnótica com os pacientes?- Como eu estudei o assunto durante os tempos de faculdade! E geralmente, dentro de ônibus porque não havia tempo suficiente para estudar em casa. Era esposa, mãe , dona de casa. Não foi fácil terminar a faculdade, mas consegui. Dei uma desligada e, quando voltei a mim, Dr. Freud já estava falando:

 Freud: - Empregava-a para fazer perguntas ao paciente sobre a origem dos seus sintomas, que em seu estado de vigília ele podia descrever só muito imperfeitamente, ou de modo algum.

R.M: - Nessa época, o senhor conheceu Dr. Breuer. Gostaria de falar sobre isso? - indaguei.

Freud: - Naturalmente. Enquanto eu ainda trabalhava no laboratório de Brucke, eu travava conhecimento com Dr. Josef Breuer que era um dos médicos mais respeitados de Viena, que também possuía um passado científico, visto que produzir vários trabalhos de valor permanente sobre a fisiologia da respiração e sobre o órgão de equilíbrio. Era um homem de notável inteligencia e quatorze anos mais velho que eu. Nossas relações se tornaram mais estreitas e ele se tornou meu amigo, ajudando-me em minhas difíceis circunstancias. Adquirimos o hábito de partilhar todos os nossos interesses científicos. Nesta relação, só eu naturalmente tive a ganhar. O desenvolvimento da psicanálise , depois veio a custar-me sua amizade. Não me foi fácil pagar tal preço , mas não pude fugir a isso.- ele abaixou os olhos.

Falar de Breuer parecia penoso. Afinal, fora uma amizade especial, tanto do ponto de vista científico como do afetivo.

R.M: - Gostaria que o senhor explicasse a dinâmica da histeria:

Freud: - Os sintomas dos pacientes histéricos se baseiam em cenas do seu passado que lhe causaram grande impressão mas foram esquecidos (traumas); a terapeutica, nisto apoiada, consistia em fazê-los lembrar e reproduzir essas experiencias no estado de hipnose.Dr. Breuer se encarrega de uma paciente histérica que entrará para os anais da psicanálise com o nome de Ana O. Ao ser provocado o sonambulismo hipnótico como tranquilizante, a paciente começa a narrar, durante a hipnose, uma série de fatos passados, profundamente dolorosos. Estes fatos não faziam parte do conhecimento consciente da paciente. Quando ao despertar, a paciente pode reconstituir esta etapa do seu passado com o auxílio de Breuer, os sintomas histéricos desapareceram. O trabalho de Breuer no tratamento de Ana O. passa a ser o primeiro caso clínico, a ser tratado dentro do modelo que daria origem à psicanálise. O excelente nível intelectual da paciente é também um dado importante que auxilia Breuer a se organizar em seu tratamento. Este método de eliminar os sintomas com a retomada de recordações traumáticas passadas, que se torna conhecido como Método Catártico, é pela primeira vez definido e reconhecido pelo próprio paciente, que o define como " a cura pela fala." Ernest Jones chega a definir Ana O. , por esta observação, como sendo a pessoa que primeiro definiu a técnica analítica.

   Eu não ouvia Dr. Freud mas bebia suas palavras. Enquanto me concentrava nas suas respostas o tempo da faculdade voltou à minha mente. Cada dia de aula era uma descoberta! Lembro-me que no tempo de estudante eu adorava usar o termo catarse. Achava "xique no úrtimo!" Fiquei mais reflexiva e vivia me analisando. Estudar Psicologia é um caminho de autoaprimoramento.

   As mãos começaram a tremer novamente. Freud estava olhando para mim com simpatia. 

Pensei: "Será que está lendo meus pensamentos novamente?" Nos tempos de faculdade eu lia Freud, pensava Freud. Tudo era a magia da psicanálise até conhecer Carl Gustav Jung. Depois dessa lembrança senti que meu rosto ficou corado.

R.M:- Desculpe, Dr. Freud, eu me distraí. Estava um pouco nervosa.- desculpei-me um pouco sem jeito. Ele sorriu amistoso. - Aonde estávamos mesmo? - perguntei.

Freud: - No Método Catártico. - respondeu.

R.M: - Quais foram os resultados práticos do processo catártico?- perguntei enquanto tentava me recompor.

Freud: - Foram excelentes. Seus defeitos, que se tornaram evidentes depois, eram os de todas as formas de tratamento hipnótico.

R.M: - Em 1896, o senhor usou pela primeira vez o termo psicanálise para descrever seus métodos. Como foi esta transição da catarse para a psicanálise propriamente dita?

Freud: - O evento que constituiu a abertura desse período foi o afastamento de Breuer de nosso trabalho comum, de modo que tornei único administrador do seu legado. Tinham-se verificado divergencias de opiniões entre nós numa fase bem inicial , mas não havia constituído base pra nosso afastamento. Seu trabalho como clínico e médico de família tomava grande parte do seu tempo e, ele não podia, como eu , devotar todas as suas forças ao trabalho da catarse. Mas o que contribuiu principalmente para sua decisão foi que meu trabalho ulterior conduzia a uma direção com a qual ele achava impossível reconciliar-se.

R.M: - O senhor abandonou a hipnose por completo?- perguntei ansiosa. - E me lembrei de um programa de televisão aonde havia assistido duas mulheres serem curadas de problemas fóbicos através da hipnose de um psiquiatra. Uma delas tinha medo de voar e após a vivência com o psiquiatra( que não foi mostrada no programa) foi até o aeroporto e voou normalmente. A hipnose ainda tinha muita força nos processos de cura ligados a comportamentos fóbicos, vícios e traumas.

Freud: - Minhas expectativas foram correspondidas; livrei-me do hipnotismo. Mas, justamente com a mudança de técnica, o trabalho de catarse assumiu novo aspecto. A hipnose interceptara da visão uma ação recíproca de forças que surjam agora à vista e cuja compreensão proporcionava um fundamento sólido à minha teoria.

  A auto-análise de Freud começou em 1897. Em 1900, ele publicou a Interpretação dos Sonhos, considerado por muitos como seu mais importante trabalho, apesar de na época não ter recebido quase nenhuma atenção. Seguiu-se , no ano seguinte, outro livro importante,Psicopatologia da Vida Cotidiana. Gradualmente, formou-se à volta de Freud um círculo de médicos interessados incluindo Alfred Adler, Sander Ferenczi, Carl Jung, Otto Rank. Karl Abraham e Ernest Jones. O grupo fundou uma sociedade . Documentos foram escritos , uma revista foi publicada e o movimento psicanalítico começou a expandir-se.

   Em 1910, Freud foi convidado para ir à América pronunciar conferencias na Universidade de Clark. Seus trabalhos estavam sendo traduzidos para o ingles. As pessoas foram se interessando pelas teorias do Dr. Sigmund Freud.

  Tentou controlar o movimento psicanalítico, expulsando os membros que discordavam de suas opiniões e exigindo um grau incomum de lealdade à sua própria posição. Jung, Adler e Rank , entre outros, abandonaram o grupo após repetidas divergencias com Freud a respeito de problemas teóricos. Mais tarde, cada um criou sua própria escola de pensamento.

 Freud escreveu extensivamente. Suas obras completas compõe-se de 24 volumes e incluem ensaios relativos aos aspectos delicados da prática clínica, uma série de conferencias que delineiam toda a teoria e monografias especializadas sobre questões religiosas e culturais.

Pensando em toda a trajetória de vida do Dr. Freud perguntei:

R.M: - Teve uma época em que seu trabalho de modo geral estava mais acessível. Foi uma fase de bastante popularidade. Foi uma fase boa?- perguntei.

Freud: - As críticas aumentaram, mas foi um período produtivo. - respondeu com firmeza.- Quando subi ao estrado em Worcest para pronunciar minhas "Cinco lições da Psicanálise(1910), isto pareceu a concretização de um incrível devaneio.- a psicanálise não era mais um produto do delírio,tornara-se uma parte valiosa da realidade.- seus olhos adquiriram um brilho diferente.

   Os últimos anos de Freud foram difíceis. De 1923 em diante, ele estava mal de saúde, sofrendo de câncer de boca e mandíbula. Tinha dores contínuas e sofreu trinta e três operações para deter a doença que se expandia. Seu último livro foi: Esboço da Psicanálise.

   O advento do nazismo e as crescentes perseguições aos judeus atingiram Freud. Freud se muda para Londres e no dia 24 de setembro de 1939 vem a falecer. Seu corpo foi incinerado no crematório de Golders Green. Trabalhava a esse tempo, em colaboração com sua filha Anna, na redação de uma obra dedicada à análise da personalidade de Hitler.

  Senti que a entrevista estava acabando, mas havia tanto a perguntar. Freud não aparentava cansaço, mas algo me dizia que estava na hora de encerrar aquela conversa histórica. Arrisquei mais uma pergunta:

R.M: - Dr. Freud, queria lhe agradecer pela oportunidade dessa entrevista. Sempre o admirei!A Psicanálise foi uma das minhas primeiras opções de linha de atuação na época da formatura. Lembro-me que, no final do curso, era necessário que o estudante optasse por uma linha. Eu fiquei entre Psicanálise e Existencialismo. Queria atuar nos dois durante o período de estágio e supervisão, mas não foi possível. Fiquei com o existencialismo.- eu estava tropeçando nas palavras como se quisesse me desculpar com Dr.Freud minhas dúvidas do tempo acadêmico.- Depois de formada atuei na Gestalt e gostava demais da Psicologia Comportamental e Cognitiva. Fiquei apaixonada pela interpretação dos sonhos de Jung!- nesse momento me arrependi do que falei mas já era tarde.

Freud apenas sorria me ouvindo com atenção e respeito. Não havia em seu olhar qualquer expressão de crítica ou enfado.

Freud: - Fique à vontade, Sandra! É através dos caminhos da dúvida que experenciamos todas as realidades. Experimentando, testando, perseverando. Pensei que fosse perguntar sobre minha longa doença. Não queria recordar esse período , mas foi de grande valia agora para mim.- ele afirmou com ar distante. - São lições que precisava aprender. - Eu sorri para ele.

R.M: - Essa entrevista foi muito importante para mim, Dr. Freud!

    Meu primeiro contato com Freud foi no ano de 1990 quando elaborei o estudo sobre Freud a pedido da professora de Psicanálise.

R.M: - A Psicanálise foi um grande marco nos meus estudos! O senhor se considera um cientista?- arrisquei. Ele olhou para mim com ar sério e grave. Fez uma pequena pausa e respondeu:

Freud: - Só sei que abri o caminho para muitos conhecimentos, Sandra. - ficou pensativo, quase triste. - Por um processo de desenvolvimento contra o qual teria sido inútil lutar, o próprio termo psicanálise tornou-se ambíguo. Embora fosse originalmente o nome de um método, digo método terapeuta específico, agora também se tornou ciência- a ciência dos processos mentais inconscientes.

R.M: - Se pudesse recomeçar seguiria o mesmo caminho? - perguntei.

Freud: - Claro que sim, mas continuaria repensando , analisando todas as ideias.( Freud sempre revisava e repensava suas ideias anteriores)

R.M: - Qual a mensagem que o senhor gostaria de deixar para os internautas de Relax Mental, principalmente aqueles que desejam seguir o caminho da Psicologia,o conhecimento da mente humana?- olhei para ele com profunda admiração.

Freud: - Estudar, estudar e estudar. Sonhar, sonhar e sonhar! A mente humana é um fascínio que deve ser compreendido, estudado , não sem antes um profundo respeito por tudo que pode parecer diferente ou estranho. Estar à frente do seu tempo sem desprezar a ciência pode ser o caminho.

    Freud consultou seu relógio de bolso, sorriu para mim e se aproximou. Eu me despedi dele com um aperto de mão. Seu aperto de mão era cordial e sincero. Senti a energia daquela alma, mas só consegui extrair dela o que ela permitiu! Caminhou até à porta e a fechou atrás de si.

Relax Mental é assim! Sem fronteiras de tempo, espaço ou religião, mas com uma base firme e concreta no contexto atual da vida!

O início do contato com Freud foi no dia 18 de setembro de 1990- dois anos antes da minha formatura. Minha professora de Psicanálise considerou o trabalho muito criativo. Animada ela comentou com a classe toda:

"Nossa! Ela entrevistou o homem!"

Coincidência ou não essa data tem quatro números noves! Um dos noves surgiu da soma 1+8= 9.

 Sandra Cecília


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Sandra Cecília / Renato Augusto - Relax Mental - desde 13 de junho de 2003

Entrevista com Dr. Freud - Parte II



    Depois das primeiras lições recebidas pela mãe, Freud foi educado pelo pai, antes da matrícula numa escola particular.

    Na segunda parte da entrevista, meu enfoque foi a formação profissional de Sigmund Freud. Ele estava à vontade no sofá, mais descontraído também. Meu nervosismo estava sob controle, mas tinha um pouco receio das minhas perguntas. E da reação dele. Pesquisei que, em alguns momentos, Freud tinha péssimo humor. Noutras, jovial, mas não tinha ilusões sobre a vida.Era considerado um pessimista. Tinha um carisma natural que atraía as pessoas de ambos os sexos. Foi o que observei nos poucos momentos que estive com Dr.Freud. Carismático, sincero, mas também havia uma certa amargura em seu olhar.

   Dizem que teve uma adolescência mais calma do que os rapazes da sua idade. Aos dezessete anos, graduou-se com a distinção "summa cum laude". Tinha dom para línguas. Era mestre reconhecido da prosa alemã e gostava de inglês. Lera Shakespeare várias vezes. Aos dezenove anos visitou a Inglaterra.

   Eu me ajeitei na cadeira e abri o computador. No início da entrevista pensei na possibilidade de filmá-lo, mas rejeitei a idéia. Já pensou? Dr. Freud no youtoube? Antes de perguntar, Freud fez uma observação bem humorada:

Freud: - Não será necessário.- afirmou.

R.M:( Sandra) - O que, Dr.Freud? - perguntei surpresa.

Freud: - Filmar a entrevista.- respondeu com um sorriso. Eu fiquei vermelha na hora. O homem adivinhou meus pensamentos! Leu minha mente!

R.M: - Eu só pensei e...- quis me desculpar, mas Dr. Freud continuou:

Freud: - Quero passar minhas idéias apenas. E essas idéias o mundo inteiro já tomou conhecimento. O mundo mudou, a psicanálise um pouco, mas você foi tão amável que aceitei o convite.- Eu dei um sorriso amarelo. Prossegui:

R.M: - Como o senhor escolheu sua profissão?

Freud: - Embora minha família vivesse em circunstâncias muito limitadas, meu pai insistiu, que na escolha da profissão devia seguir somente minhas inclinações. Nem naquela época, nem mesmo depois, senti qualquer predileção pela carreira de Medicina. Fui, antes levado por uma espécie de curiosidade, que era, contudo, dirigida para as preocupações humanas.

R.M: - Desejou estudar Direito?

Freud: - Sim. Foi por causa da influência de uma amizade formada na escola com um menino mais velho do que eu, e que veio a ser conhecido político. Desenvolvi como ele o desejo de estudar Direito e de dedicar-me a atividades escolares. Ao mesmo tempo, as teorias de Darwin, que eram de interesse atual, atraíram-me fortemente, pois ofereciam esperanças de extraordinário progresso em nossa compreensão do mundo. E foi ouvindo o belo ensaio de Goethe sobre a natureza, lido em voz alta numa conferência popular pelo professor Carl Bruhl, pouco antes de ter deixado a escola que resolvi tornar-me estudante de Medicina.

R.M: - Como foi o período em que ingressou na Universidade?

Freud: - Ingressei na Universidade em 1873 e experimentei desapontamentos consideráveis-seu rosto adquiriu uma expressão grave e muito séria.- Esperava-se que eu me sentisse inferior e estranho, porque era judeu.- elevou a voz um pouco. - Jamais fui capaz de compreender, porque deveria sentir-me envergonhado de minha ascendência.

R.M: - Esta não aceitação na comunidade o perturbou muito, Dr. Freud? - eu olhei para ele com admiração.

Freud: - Suportei sem grande pesar minha não aceitação na comunidade. Essas primeiras impressões na Universidade, contudo, tiveram uma conseqüência que depois viria a ser importante, porquanto numa idade prematura familiarizei-me com o destino de estar na Oposição e de ser posto sob o anátema da "maioria compacta”.Estava assim lançado o fundamento para um certo grau de independência de julgamento.

Sua permanência na Universidade foi prolongada, não por dificuldades pessoais, mas pela imensa curiosidade científica que o levava a acompanhar os cursos de grandes cientistas e pensadores que lá se encontravam. Os cursos de Filosofia dados por Brentano, aos quais Freud comparece por três anos, deram importante base humanística para a construção da psicanálise. Com sua formatura e a perspectiva de casamento, Freud é obrigado a deixar parcialmente a pesquisa e dedicar-se à clínica médica. Passa por várias enfermarias, já sendo perceptível como seus interesses se organizam na direção da sua futura teoria. Dedica-se assiduamente à Psiquiatria, para terminar concluindo que os conhecimentos existentes não eram significativos. No Departamento de Dermatologia interessa-se pelas conexões entre a sífilis e várias moléstias do sistema nervoso. Durante esse período inicial de carreira, desenvolve ainda uma nova técnica para a coloração de tecidos nervosos pelo cloreto de ouro e lança as bases para a utilização clínica da cocaína como anestésico local. O autor Peter Gay fala sobre um assunto delicado referente ao uso da cocaína por Freud. A cocaína foi um dos mitos de Freud durante algum tempo. Ele chegou a fazer uma "defesa lírica da cocaína como panacéia para a dor, o esgotamento, o desânimo”.- segundo o autor Peter Gay (Freud-uma vida para o nosso tempo). A aventura da cocaína terminou quando Freud sugeriu que o seu amigo Fleischl usasse a droga. Fleischl estava muito doente, se viciou na cocaína e morreu pouco tempo depois. (Sobre o assunto da cocaína, não tive coragem de formular perguntas para Dr. Freud).

Nas décadas de 1880/1890 Freud se destaca como neurologista de renome. Seus trabalhos sobre a afasia, paralisias infantis, hipertonias nos membros inferiores em enuréticos, bem como o trabalho final sobre paralisia cerebral infantil já lhe assegurariam um lugar histórico na medicina.

R.M: - Dr. Freud a fama dos seus diagnósticos e de sua confirmação pos-mortem que resultados tiveram em sua formação? - perguntei interessada.

Freud: - Trouxe-me uma afluência de médicos norte-americanos, perante os quais pronunciei conferencias sobre os pacientes do meu departamento. Sobre as neuroses eu nada compreendia. - lamentou.

R.M: - O senhor prosseguiu então como professor?

Freud: Não. Em certa ocasião, apresentei em meu auditório um neurótico que sofria de dor de cabeça persistente como um caso de meningite crônica localizada; todos se levantaram imediatamente, revoltados, e me abandonaram, e minhas atividades prematuras como professor chegaram ao fim.- falou desconcertado. - À guisa de desculpa, posso acrescentar que isso aconteceu numa época em que maiores autoridades do eu em Viena, tinha o hábito de diagnosticar a neurastenia como tumor cerebral.- Freud sorriu.

R.M: - Então, não foi tão ruim assim o seu diagnóstico, Dr.Freud. Afinal, uma meningite é bem melhor do que um tumor cerebral. - falei de modo impulsivo e me arrependi logo depois. Pagar mico numa entrevista com Freud era reprovável! Freud sorriu compreensivo e se mexeu no sofá. Consultou seu lindo relógio dourado. Parecia ansioso ou seria impressão minha? Achei melhor fazer uma pausa para o café.

A entrevista continua...



Sandra Cecília


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sexta-feira, 6 de maio de 2016

Entrevista Imaginativa com Doutor Freud- Parte I




"Talvez nenhum homem do século tenha sido tão biografado. Para grande parte dos psicanalistas é Freud no céu e Deus na Terra! É considerado, simultaneamente, o gênio, o mestre, o criador da sensibilidade moderna e, ao mesmo tempo, o charlatão e o plagiador. Cada um, desde o intelectual até um simples trabalhador tem a sua concepção do” pai da psicanálise “, a qual nem sempre corresponde à realidade”.
A psicanálise abre espaço para a expressão do inconsciente, sem se precipitar no misticismo irracional. Hoje, em dia, a psicanálise é um labirinto intricado. Exige iniciação!”(Trechos do texto o doutor Freud-para lá das mitologias-Severino Francisco-Jornal de Brasília-11/06/1989)”.

   Essa entrevista foi muito especial para mim! Um insight transcendental!Foi iniciada exatamente nos dias sete, oito e nove de novembro na década de 1990 quando eu cursava a faculdade de Psicologia na Unisal (Universidade Salesiana de Lorena-SP) Fez parte de um trabalho de Psicanálise sobre vida e obra de Dr. Sigmund Freud.

  O entrevistado era uma pessoa muito especial, Dr. Sigmund Freud.Entramos numa dimensão diferente a qual só tem acesso Relax Mental. O segredo para o acesso a essa dimensão onde estão os talentos desencarnados, as pessoas especiais que já partiram, jamais saberão! Isso faz parte do mistério de Relax Mental, um site de saúde mental, sonho e fantasia. Totalmente ecumênico onde respeita todos os credos religiosos.

    O acesso a Freud começou com uma grande admiração através de um estudo perseverante de toda a sua obra. Surgiu a semente e a vontade de transformar o estudo em uma curiosa e diferente entrevista.

  Mergulhei nas profundezas do meu inconsciente. Mergulhei nas profundezas de uma dimensão difícil de descrever! A entrevista com Dr.Freud foi algo difícil de descrever, mas fruto de muito estudo.

  Relax Mental escolheu uma sala confortável num lugar onde Dr.Sigmund Freud pediu sigilo absoluto.Almofadas jogadas no chão, carpete verde escuro, um sofá bege e duas cadeiras de madeira crua. A parede da sala pintada de verde claro e havia uma cortina rústica de bambu cobrindo a janela.Peguei meu notebook, escolhi uma cadeira e fiquei à espera dele. Ah!Querem saber a data de nascimento do Dr. Freud? Eu me interessei porque adoro numerologia.

  Sigismund Schlomo Freud nasceu em 6 de maio de 1856, em Freiberg, Moravia (atualmente Pribor, Checoslovaquia ), filho de Jacob Freud e sua terceira esposa, Amalia (vinte anos mais jovem que o marido). A familia falava alemão. Sigi, como era chamado por seus parentes, teve sete irmãos mais jovens.

  Dr.Sigmund Freud chegou pontualmente às dezenove horas:

Relax Mental: “Deus do céu! Freud em carne e osso! Mas carne e osso seria o termo apropriado? Ah, não! - pensei. Tentava acalmar os nervos a adrenalina agitando meu coração. Eu não poderia estragar a entrevista por conta da ansiedade, mas suava frio”.

Disfarcei o nervosismo e tirei o olho do notebook.Olhei para a porta e ela se abriu! Entrava na sala Dr.Sigmund Freud! Eu me levantei para cumprimentá-lo. Ele se sentou no sofá e cruzou as pernas. Um senhor de ar circunspeto, mas simpático. Calvície pronunciada, barba branca e nariz adunco. Os olhos escuros estavam atrás de um par de óculos de lentes redondas. Casaco cinza aberto mostrando um colete escuro fechado por quatro botões. Saía do segundo botão do casaco uma corrente grossa e dourada do seu relógio de bolso. Ele olhou para mim com olhar grave e sério. Tremi!

 Um momento histórico!

  Freud estava de excelente humor e disse que eu poderia começar a entrevista. Era a primeira vez que seria entrevistado através de um site da Internet!
Olhei para o notebook e respirei fundo. A presença daquele homem era forte, mas a energia era boa, positiva:

R.M: - Dr. Freud, quando o senhor nasceu?- perguntei com voz trêmula.

Freud: - Nasci às 18:30min do dia seis de maio de 1856 em Freiberg na Morávia, pequena cidade onde agora é a Tchecoslováquia.- seus olhos ficaram distantes.

R.M: Fale um pouco sobre seus pais!- pedi. Meu receio é que ele começasse a me analisar. Interpretar meus gestos, o olhar...

Freud: - Meus pais eram judeus e eu próprio continuei judeu. Meu pai chamava-se Jakob Freud, nasceu em Tysmenitz na Galícia, no dia 18 de dezembro de 1815 e viveu até 23 de outubro de 1896.Ele era comerciante, ligado principalmente a negócios de venda de lã. Do primeiro matrimônio que contraiu com a idade de 17 anos teve dois filhos: Emmanuel e Philippe. Em julho de 1855, casou-se com Amalie Nathansohn em Viena. Viveu até os 81 anos. Na época do segundo casamento ele já era avô!- acrescentou com bom humor.

R.M: Dr.Freud! Seu pai já era avô quando se casou pela segunda vez? - tornei a perguntar curiosamente.

Freud: - Emmanuel, seu filho mais velho, era pai de um menino de um ano de idade. Era meu sobrinho Jonh. Já nasci tio!- acrescentou com um sorriso divertido.

R.M: - Sr.Jacob era muito severo?- inquiri erguendo os olhos do note. Freud ficou quieto por alguns instantes como se buscasse em sua memória fabulosa alguma lembrança.

Respondeu:

Freud: -Ele era justo, mas tolerante. Nós tínhamos o Círculo da Família, reuniões onde eram discutidos os problemas domésticos. Quando eu tinha dois anos, ainda urinava na cama e foi meu pai quem me reprovou. Lembro-me de ter dito a ele: "Comprarei para o senhor uma linda cama vermelha em Neutitschein”.

Parei de digitar para fazer uma observação.Minha ansiedade estava sob controle:

R.M: - Dr.Freud, foram dessas experiências infantis que nasceu sua convicção de que era o pai que representava para o filho os princípios de realidade, repressão? A mãe, o príncipio do prazer?

Freud: - Exatamente. Tive poucas lembranças dos meus primeiros três anos, assim como dos seis ou sete anos. Através da auto-análise, recobrei muitas dessas lembranças. Foi com a idade de quarenta e dois anos aproximadamente.

Digitei tudo rapidamente e me lembrei de uma cena de um filme sobre a vida de Sigmund Freud. O menino Sigmund Freud estava deitado na cama ao lado da mãe, Amalie. Entra no quarto, o pai Jacob e Freud compreendeu, então, que a mamãe não era somente dele.

R.M: - Houve algum desentendimento entre pai e filho? - perguntei. - Alguma decepção? - notei uma sombra no olhar do Dr.Freud.

Silêncio. Não, eu não falaria sobre aquela história de que alguém atirara na lama o gorro do seu pai. Freud teria ficado decepcionado com o genitor, porque este não reagiu à ofensa recebida.

Dr. Freud quebrou o silêncio:

Freud: - Eu gostava muito de livros e comprara muitos, o que descontrolou o orçamento doméstico. Foi quando eu tinha dezessete anos, aproximadamente.- afirmou.

Fechei o notebook e fiz uma pequena pausa na entrevista. Havia tanta coisa que eu queria saber e perguntar, mas estava nervosa demais. A presença daquele homem me desconcertava. Mal conseguia controlar o tremor das minhas mãos. Disfarçava o nervosismo com um sorriso.

Dr.Freud aceitou um copo de água mineral sem gás e permiti que fumasse seu charuto favorito. Aí, me lembrei da lei sobre o fumo, mas era um momento especial! Dr. Freud podia tudo naquele momento! Só que ele pediu licença e saiu para fumar. Ele não sabia, mas eu adorava o aroma de charutos. Fiquei preocupada! E se ele não voltasse mais? Dr.Freud voltou para a sala. Estava mais descontraído:

Freud: - Estou quase largando o hábito do fumo!- desculpou-se um pouco desconcertado.- Já fui admoestado sobre isso.- ele comentou.- Quem teria tido coragem de criticar aquele homem? Mas fiquei quieta e abri o computador. Recomeçamos a entrevista com um assunto muito agradável para Freud: sua mãe.

R.M: - Fale um pouco sobre sua mãe:

Freud: - Minha mãe se chamava Amalie Natansohn e era proveniente de Brody, nordeste da Galícia, junto à fronteira russa. Casou-se com meu pai com menos de vinte e um anos. Quando nasci, ela estava com 21 anos.- seu rosto se iluminou quando falou da genitora. - Minha mãe viveu até os noventa e cinco anos de idade.

R.M: - Quantos irmãos o senhor teve?

Freud: - Sete irmãos. - falou com certo orgulho. Julius que morreu quando tinha oito meses, Anna que nasceu quando eu estava com dois anos e meio, Rosa, Marie, Adolfine, Paula e Alexander. Todos os irmãos se casaram, exceto Adolphine, que ficou sempre em companhia de minha mãe.

R.M:- Li sobre umas profecias que foram feitas acerca de seu futuro. Gostaria que o senhor falasse um pouco sobre isso:

Freud: - Certa vez, minha mãe se encontrou com uma velha senhora numa pastelaria. A mulher informou à minha mãe, que ela havia trazido um grande homem ao mundo e minha mãe acreditou firmemente na predição. Foram várias as profecias. Nasci envolvido na membrana amniótica, e que diziam, era sorte.- seus olhos pareciam sorrir ao se lembrar desse fato.

R.M: - Essa velha senhora estava certa.- afirmei olhando para Dr.Freud com admiração.

Não havia orgulho na expressão daquele grande homem. Freud sempre se pronunciou contra o fato de ser objeto de estudo biográfico. Para ele, a única coisa importante eram suas idéias. Sua vida pessoa não podia ter o menor interesse para o mundo. Freud prosseguiu falando da sua mãe:

Freud: - Eu gostava muito de minha mãe e era seu filho favorito. Um homem que tinha sido o inequívoco favorito de sua mãe conserva por toda a vida o sentimento de um conquistador, a confiança no sucesso pessoal, que muitas vezes, leva ao sucesso verdadeiro.

R.M:- O senhor tinha aversão à música? - perguntei observando qual seria a reação dele. Ele não parecia aborrecido ou cansado. Seu rosto adquiriu uma expressão divertida, quase irônica:

Freud: - Esse comentário deve ser por causa de um episódio vivido por mim, quando tinha oito anos. Minha mãe iniciou minha irmã ao piano. Não conseguia estudar com todo aquele barulho e fiquei irritado. Minha mãe se desfez do piano para alegria minha.- ele sorriu.

Tive vontade de perguntar sobre sua formação religiosa, mas desisti. Havia tanta coisa que eu gostaria de saber! Não se sabe muito sobre a formação religiosa de Freud. Li sobre uma babá católica de que ele gostava muito. Seu pai Jacob deve ter sido criado como judeu ortodoxo. Da sua mãe, Freud falava que herdara o "sentimentalismo". Lembrei-me da Bíblia que Freud havia ganhado de presente. Não sabia ao certo de quem ele havia ganhado presente significativo:

R.M: - O senhor ganhou uma Bíblia de presente. Li sobre isso num livro, Dr.Freud. Pode me contar mais sobre esse assunto?- perguntei curiosa.

Freud: - Ah, foi no meu trigésimo quinto aniversário! Ganhei uma Bíblia do meu pai. Junto com esta uma carta. Um trecho da mesma:
"Lê o meu livro: aí abrir-se-ão para ti as fontes da sabedoria e do intelecto!” - Freud estava um pouco emocionado. Resolvi dar outra pausa em nossa entrevista. Freud sorriu e disse que voltaria no dia seguinte.

Queridos internautas aguardem! A entrevista continua!

Bibliografia consultada:

Teorias da Personalidade-James Tadiman Robert Frager
Ernest Jones
Enciclopédia Mirador Internacional
Psicologias do Desenvolvimento-Clara Regina Rappaport
Um estudo autobiográfico-Sigmund Freud
Freud-Uma vida para nosso tempo-Peter Gay



Sandra Cecília
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