Pesquisar este blog

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Médium de Umbanda ou Espiritismo?


Eclosão mediúnica


         Sou médium umbandista desde 1998. Bem, antes eu vivia a mediunidade dentro de duas casas. Durante a semana, militava numa casa espírita e aos  sábados frequentava um terreiro de Umbanda.

         O terreiro ficava num sítio nas proximidades de Guaratinguetá. Até hoje tenho saudades dessa época. Nesse terreiro comecei a ter contato com os guias espirituais na Umbanda. Cheguei a esse terreiro por causa de uma depressão grave. Essa depressão começou com um problema de saúde hormonal. Nada grave. No entanto, os espíritos obsessores pegam seu ponto mais fraco. Estava fragilizada e mais susceptível por conta de uma anemia também. Só que mesmo indo ao médico não melhorava. O problema hormonal foi embora, mas eu continuava me sentindo muito fraca. Comecei a chorar todos os dias sem parar. Emagrecia a olhos vistos. Sentia uma tristeza que não tinha fim. A depressão é uma doença espiritual também. Pode ter suas raízes em vidas passadas. Pode ser causada ou alterada por problemas espirituais como: obsessão, eclosão mediúnica, mediunidade mal orientada.

       A depressão pode ser uma conseqüência de algum problema grave como: luto na família, perda de emprego, separação, divórcio, morte de um filho, doença grave, etc. No meu caso, se iniciou de modo lento, mas perigoso.

      Eu já tive quatro depressões e cada uma de um jeito. Acho útil falar sobre isso para orientar as pessoas que passam por esse problema. A depressão jamais vem sozinha. Há sempre uma causa espiritual. No entanto, precisa ser tratada por um médico psiquiatra. Em alguns casos, a pessoa precisa tomar medicação. Agora, fica mais difícil se ela tiver síndrome de pânico. Aí ficará com medo de tomar remédio. Isso aconteceu comigo. Tinha medo de comer e de tomar remédios.

  No entanto, a mediunidade continuava no meu corpo e na minh’ alma. Ouvia os espíritos. Geralmente, eram os espíritos zombeteiros que faziam uma orquestra dentro da minha mente. Se eu procurasse um psiquiatra (que não fosse espírita) certamente ele diagnosticaria uma psicose depressiva. Acharia que minhas visões e vozes se passavam apenas na minha mente. Eram apenas produtos da minha mente; alucinações. E, por esse motivo, reafirmo que o psiquiatra também tem que estudar as religiões. Ter empatia com seu paciente. Ouvi-lo com atenção e respeitar sua crença. E não apenas receitar remédios e pronto.

   Como eu não estava melhorando uma ex-professora kardecista me convidou para ir a um sítio e participar do rito de Umbanda. Ela era uma médium espetacular. Além de muito culta, um ser humano maravilhoso. Várias vezes foi à minha casa  para ministrar passes. Recebia o Caboclo Sr. Trunqueira que sempre me dizia palavras de conforto. O nome dela era Ivone e não mais pertence à Terra. Mesmo doente comecei a frequentar os ritos naquele sítio. Conheci pessoas maravilhosas que me ajudaram muito.

  Dona Ivone recebia a preta velha Inácia Bárbara que era um encanto de espírito. O ritual era fechado, porque Dona Ivone também era médium ativa no centro kardecista. Sua mediunidade era exemplar. Queria que o rito fosse muito organizado. Rezava por muitas pessoas mesmo as ausentes. 

  A melhora foi imediata. Depois de alguns ritos, meu preto velho Pai João das Almas incorporou. A cura completa foi uma questão de dias.

  Será que minha doença veio para que eu me integrasse na Umbanda? Não sei. Infelizmente, depois de alguns anos os ritos no sítio acabaram. No entanto, aprendi bastante com o grupo. Éramos muito unidos. Além da Inácia Bárbara, dona Ivone incorporava a Vó Filipa que gostava de falar sobre vidas passadas.

  Havia uma médium muito talentosa. Quando ela recebia a falange de Oxum cantava maravilhosamente. Guardo boas lembranças daquele grupo.

  Até hoje prossigo no terreiro de Umbanda. Encontrei afinidade nessa religião. No entanto, percebo que muitas pessoas têm muitas dúvidas quanto à eclosão mediúnica. Vão a determinados terreiros e recebem essa orientação:

 “- Você é médium; precisa desenvolver!” - algumas pessoas nada sentem quando vão a esses lugares. Jamais tiveram qualquer experiência de contato com os desencarnados e já recebem a orientação do desenvolvimento. Ficam confusas e não sabem o que fazer. A mediunidade ostensiva desperta espontaneamente. E, nem sempre , através de doenças ou mal estar. No entanto, às vezes, a pessoa precisa da dor para acordar para a espiritualidade.

   Desenvolver a mediunidade no terreiro ou num centro espírita? Acredito que alguns médiuns  tem realmente a missão de desenvolver o campo mediúnico no terreiro de Umbanda. Pode ser também uma questão de afinidade espiritual. Os guias que incorporam na umbanda também podem baixar num centro espírita. Mediunidade é mediunidade em qualquer lugar. Mediunidade é o dom de se comunicar com os espíritos através de:

·         Psicofonia ou incorporação: os guias incorporam no médium e conversam através dele. Esse tipo de modalidade mediúnica acontece no centro espírita e no terreiro. A mediunidade no terreiro corresponde a uma hierarquia própria, rituais com  pontos cantados. Os guias baixam através dos pontos cantados. O médium em desenvolvimento precisa entrar na gira até seu guia baixar. Precisa estudar também. Mediunidade no terreiro não é ficar girando que nem pião. É muito mais do que isso. Já presenciei casos de pessoas que ficaram girando muito tempo no terreiro e jamais um guia baixou. Geralmente, não tem mediunidade ostensiva. Quando a pessoa tem o dom mesmo basta ouvir o som do atabaque e a incorporação vem de modo espontâneo. Guia de umbanda não dá surras e nem se vinga do médium. Se ele tem uma tarefa mediúnica traçada na espiritualidade será cobrado mais tarde se não cumprir sua missão. No entanto, os guias não podem interferir no livre arbítrio do seu pupilo. Aquele que não dá atenção ao seu dom pode começar a sofrer de achaques, mal estar, doenças diferentes. E como deseja ficar bom acaba indo ao terreiro. Nesse momento, a entidade incorpora naturalmente. A doença se cura e o mal estar vai embora. 

·         Audiência: dom para ouvir os espíritos. Pode acontecer como se fosse uma voz mesmo ou uma voz dentro da cabeça.

·         Clarividência: ver os espíritos.

·         Psicografia: modalidade mediúnica muito comum nas casas espíritas. Não é comum nos terreiros. No entanto, nada impede que um pai velho dê notícias de um ente querido desencarnado a seu pupilo que vem lhe consultar.

   A Umbanda e o Espiritismo são duas religiões distintas. No entanto, ambas são religiões espiritualistas. Acreditam na vida pós-morte e na mediunidade, isto é, no intercâmbio entre o mundo físico e espiritual.

  Trabalhei mediunicamente durante muito tempo nas duas religiões. Eu incorporava os guias na Umbanda e psicografava na casa espírita. Adoro fazer as duas coisas.

 Se você está se desenvolvendo mediunicamente estude muito. Peça aos guias orientação e discernimento. Não há desenvolvimento sem disciplina e sem caridade.

  O desenvolvimento da mediunidade não tem data para terminar. Estamos sempre aprendendo. Persevere na casa espírita. Persevere no terreiro. Veja o que é bom para você. O que lhe faz bem.

  Viva a mediunidade no seu dia a dia também. Vestir branco e receber os guias é apenas uma parte da sua estrada mediúnica. Saiba tratar as pessoas no terreiro e respeite a hierarquia. Seja educado, amável, mas observe. Se você percebe que tem algo errado no lugar que você frequenta procure outro local. Evite conflitos desnecessários. Converse. Aprenda a trabalhar em equipe. O terreiro de Umbanda deve ser uma equipe que trabalha em conjunto. Ninguém é melhor do que ninguém. Chefe de terreiro tem que ser respeitado e não temido. Cautela com terreiros que cobram pelas consultas com os guias espirituais.

  Se você está desenvolvendo numa casa espírita persevere também. Procure ser útil e evite o orgulho. Colabore sempre.

 Seus guias sempre lhe ajudarão através de intuição e pequenos sinais como: vontade de mudar, desejo de ler um livro, interesse pela prece.

     A reforma íntima é a melhor ferramenta para o desenvolvimento mediúnico. Mire-se no exemplo das grandes almas que passaram pela Terra e foram grandes médiuns. Não pelo destaque em si, mas pelo amor, caridade e fraternidade.

                                                  


 Homenagem: Médium Ivone Tunan +: ( chefe do terreiro -desencarnada)
                         Lourdes Turner +: (colaboradora do terreiro do sítio-desencarnada)
                         Dona Nadir +: (colaboradora do terreiro-desencarnada)
                         Dona Neomésia +: ( colaboradora-desencarnada)
                       
                        Hélio Ferreira +: chefe do Terreiro Caboclo Tupinambá. Um grande médium e um grande líder umbandista.
                  Dr. Mello +: espírita militante. Esse senhor me ajudou muito na eclosão mediúnica durante a infância e adolescência. E, nos sábados, na casa espírita, muito aprendi com ele sobre Espiritismo e Mediunidade. Espírita fiel, mas um homem sem preconceitos.


                                     Mensagem

                         O homem abraça a fé e a fé o abraça!
                         Mediunidade é luz no caminho da esperança!
                         Correio do Bem!
                         O homem abraça a fé e a fé o abraça!
                          Tudo passa...
                          Mediunidade é luz e bonança!
                          O poder da fé alcança a todos!
                           Através de três formas de Esperança:

                                PAI VELHO, CABOCLO E CRIANÇA!

                             A RELIGIÃO A SEGUIR É O AMOR!

                            A RELIGIÃO É JESUS!

                          Humanidade, caminha para o progresso!

                           Fanatismo e preconceito é retrocesso!

                          Jesus está em cada coração!
                      
                           Constrói seu templo devagar...

                          Conjugando o verbo Amar!

                             Pai João das Almas.

3 comentários:

  1. Sandra, adorei sua matéria, ela é muito esclarecedora. Sou médium, trabalho em uma casa espírita, sofri bastante pois não sabia e às vezes não sei como lidar com a mediunidade, não tenho autocontrole. Gostaria de me desenvolver mais , você pode me indicar alguns livros para eu ler? Vou deixar meu e-mail: lima.ariane@superig.com.br

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Alima, os livros de Kardec são muito esclarecedores principalmente o livro dos médiuns e o dos espíritos. Romances da Zíbia Gasparetto, Maurício de Castro, Monica de Castro são muito bons também. Richard Simonetti - escreve também sobre mediunidade- só que no momento não estou me lembrando dos livros. Livros de Divaldo- são muito bons- psicografados por sua mentora Joana de Ângelis. Ore para seu mentor - para lhe ajudar e os livros chegarão às suas mãos ou então terá inspiração do que ler. abs e obrigada

      Excluir
  2. Olá Sandra!
    Adorei o blog, muito bom! E principalmente essa postagem me chamou a atenção, tenho uma pergunta, se puder responder agradeço.
    Existe uma maneira de saber se alguém é médium de Umbanda ou Espiritismo?
    Recentemente, conversando com alguém, ele me disse que eu estava em processo de desenvolvimento da mediunidade, que era médium de incorporação, e que eu precisava acoplar minha preta velha, cabocla, etc, que eles fariam minha proteção.
    Porém, apesar de não frequentar nenhum centro espírita, sempre senti mais afinidade pelo Espiritismo. Desde então fiquei intrigada com isso, quando o indaguei sobre isso, ele não foi claro, apenas disse que algumas pessoas enredam por caminhos diferentes do programado. Se puder esclarecer, agradeço.
    Abraços.

    ResponderExcluir