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quarta-feira, 11 de maio de 2016

Entrevista com Dr. Freud - Parte II



    Depois das primeiras lições recebidas pela mãe, Freud foi educado pelo pai, antes da matrícula numa escola particular.

    Na segunda parte da entrevista, meu enfoque foi a formação profissional de Sigmund Freud. Ele estava à vontade no sofá, mais descontraído também. Meu nervosismo estava sob controle, mas tinha um pouco receio das minhas perguntas. E da reação dele. Pesquisei que, em alguns momentos, Freud tinha péssimo humor. Noutras, jovial, mas não tinha ilusões sobre a vida.Era considerado um pessimista. Tinha um carisma natural que atraía as pessoas de ambos os sexos. Foi o que observei nos poucos momentos que estive com Dr.Freud. Carismático, sincero, mas também havia uma certa amargura em seu olhar.

   Dizem que teve uma adolescência mais calma do que os rapazes da sua idade. Aos dezessete anos, graduou-se com a distinção "summa cum laude". Tinha dom para línguas. Era mestre reconhecido da prosa alemã e gostava de inglês. Lera Shakespeare várias vezes. Aos dezenove anos visitou a Inglaterra.

   Eu me ajeitei na cadeira e abri o computador. No início da entrevista pensei na possibilidade de filmá-lo, mas rejeitei a idéia. Já pensou? Dr. Freud no youtoube? Antes de perguntar, Freud fez uma observação bem humorada:

Freud: - Não será necessário.- afirmou.

R.M:( Sandra) - O que, Dr.Freud? - perguntei surpresa.

Freud: - Filmar a entrevista.- respondeu com um sorriso. Eu fiquei vermelha na hora. O homem adivinhou meus pensamentos! Leu minha mente!

R.M: - Eu só pensei e...- quis me desculpar, mas Dr. Freud continuou:

Freud: - Quero passar minhas idéias apenas. E essas idéias o mundo inteiro já tomou conhecimento. O mundo mudou, a psicanálise um pouco, mas você foi tão amável que aceitei o convite.- Eu dei um sorriso amarelo. Prossegui:

R.M: - Como o senhor escolheu sua profissão?

Freud: - Embora minha família vivesse em circunstâncias muito limitadas, meu pai insistiu, que na escolha da profissão devia seguir somente minhas inclinações. Nem naquela época, nem mesmo depois, senti qualquer predileção pela carreira de Medicina. Fui, antes levado por uma espécie de curiosidade, que era, contudo, dirigida para as preocupações humanas.

R.M: - Desejou estudar Direito?

Freud: - Sim. Foi por causa da influência de uma amizade formada na escola com um menino mais velho do que eu, e que veio a ser conhecido político. Desenvolvi como ele o desejo de estudar Direito e de dedicar-me a atividades escolares. Ao mesmo tempo, as teorias de Darwin, que eram de interesse atual, atraíram-me fortemente, pois ofereciam esperanças de extraordinário progresso em nossa compreensão do mundo. E foi ouvindo o belo ensaio de Goethe sobre a natureza, lido em voz alta numa conferência popular pelo professor Carl Bruhl, pouco antes de ter deixado a escola que resolvi tornar-me estudante de Medicina.

R.M: - Como foi o período em que ingressou na Universidade?

Freud: - Ingressei na Universidade em 1873 e experimentei desapontamentos consideráveis-seu rosto adquiriu uma expressão grave e muito séria.- Esperava-se que eu me sentisse inferior e estranho, porque era judeu.- elevou a voz um pouco. - Jamais fui capaz de compreender, porque deveria sentir-me envergonhado de minha ascendência.

R.M: - Esta não aceitação na comunidade o perturbou muito, Dr. Freud? - eu olhei para ele com admiração.

Freud: - Suportei sem grande pesar minha não aceitação na comunidade. Essas primeiras impressões na Universidade, contudo, tiveram uma conseqüência que depois viria a ser importante, porquanto numa idade prematura familiarizei-me com o destino de estar na Oposição e de ser posto sob o anátema da "maioria compacta”.Estava assim lançado o fundamento para um certo grau de independência de julgamento.

Sua permanência na Universidade foi prolongada, não por dificuldades pessoais, mas pela imensa curiosidade científica que o levava a acompanhar os cursos de grandes cientistas e pensadores que lá se encontravam. Os cursos de Filosofia dados por Brentano, aos quais Freud comparece por três anos, deram importante base humanística para a construção da psicanálise. Com sua formatura e a perspectiva de casamento, Freud é obrigado a deixar parcialmente a pesquisa e dedicar-se à clínica médica. Passa por várias enfermarias, já sendo perceptível como seus interesses se organizam na direção da sua futura teoria. Dedica-se assiduamente à Psiquiatria, para terminar concluindo que os conhecimentos existentes não eram significativos. No Departamento de Dermatologia interessa-se pelas conexões entre a sífilis e várias moléstias do sistema nervoso. Durante esse período inicial de carreira, desenvolve ainda uma nova técnica para a coloração de tecidos nervosos pelo cloreto de ouro e lança as bases para a utilização clínica da cocaína como anestésico local. O autor Peter Gay fala sobre um assunto delicado referente ao uso da cocaína por Freud. A cocaína foi um dos mitos de Freud durante algum tempo. Ele chegou a fazer uma "defesa lírica da cocaína como panacéia para a dor, o esgotamento, o desânimo”.- segundo o autor Peter Gay (Freud-uma vida para o nosso tempo). A aventura da cocaína terminou quando Freud sugeriu que o seu amigo Fleischl usasse a droga. Fleischl estava muito doente, se viciou na cocaína e morreu pouco tempo depois. (Sobre o assunto da cocaína, não tive coragem de formular perguntas para Dr. Freud).

Nas décadas de 1880/1890 Freud se destaca como neurologista de renome. Seus trabalhos sobre a afasia, paralisias infantis, hipertonias nos membros inferiores em enuréticos, bem como o trabalho final sobre paralisia cerebral infantil já lhe assegurariam um lugar histórico na medicina.

R.M: - Dr. Freud a fama dos seus diagnósticos e de sua confirmação pos-mortem que resultados tiveram em sua formação? - perguntei interessada.

Freud: - Trouxe-me uma afluência de médicos norte-americanos, perante os quais pronunciei conferencias sobre os pacientes do meu departamento. Sobre as neuroses eu nada compreendia. - lamentou.

R.M: - O senhor prosseguiu então como professor?

Freud: Não. Em certa ocasião, apresentei em meu auditório um neurótico que sofria de dor de cabeça persistente como um caso de meningite crônica localizada; todos se levantaram imediatamente, revoltados, e me abandonaram, e minhas atividades prematuras como professor chegaram ao fim.- falou desconcertado. - À guisa de desculpa, posso acrescentar que isso aconteceu numa época em que maiores autoridades do eu em Viena, tinha o hábito de diagnosticar a neurastenia como tumor cerebral.- Freud sorriu.

R.M: - Então, não foi tão ruim assim o seu diagnóstico, Dr.Freud. Afinal, uma meningite é bem melhor do que um tumor cerebral. - falei de modo impulsivo e me arrependi logo depois. Pagar mico numa entrevista com Freud era reprovável! Freud sorriu compreensivo e se mexeu no sofá. Consultou seu lindo relógio dourado. Parecia ansioso ou seria impressão minha? Achei melhor fazer uma pausa para o café.

A entrevista continua...



Sandra Cecília


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Sandra Cecília / Renato Augusto - Relax Mental - desde 13 de junho de 2003

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