Fico, às vezes, numa floresta onde encontro paz para escrever
e refletir sobre temas espiritualistas. Ontem , recebi espiritualmente aqui na minha casa espiritual uma velhinha
adorável. Às vezes, durante o sono do corpo ela vem ao meu encontro.
Católica fervorosa tem o hábito de acender velas para almas toda
segunda-feira no cemitério. A velhinha mora com o marido num sítio numa cidade
do interior. Decidi acompanhá-la ao cemitério local depois que ela voltou para
o corpo material. Ela não se lembrou de mim. Acordou cheia de energia e me viu
espiritualmente. No entanto, não deu atenção ao sonho, pois era muito católica.
O portão alto de ferro do cemitério estava aberto. Entramos no local rodeado de
árvores e túmulos de todos os jeitos. Dona Geralda não percebeu que eu a acompanhava espiritualmente.
A senhora segurava um terço e uma sacola plástica onde estava um maço de
velas. Antes de entrar no cemitério pedi proteção ao meus guias espirituais. A
oração é uma couraça de proteção contra as más vibrações.
Cemitérios são lugares muito carregados energeticamente. Nessa morada
derradeira estão os despojos materiais dos espíritos desencarnados. Muitos não
sabem que morreram e ficam próximos aos túmulos. Vagam desesperados à procura
de ajuda. Graças à sua carga energética não conseguem sair do cemitério.
Ninguém vira santo depois que morre. Cada um recebe de acordo com seu merecimento.
Quando atravessei o portão do cemitério a vibração ficou diferente. Não me
senti mal, mas vi muitos espíritos. Alguns eram de muita luz, outros não.
A velhinha foi até o túmulo do seu filho
desencarnado há três anos. Ele trabalhava na lavoura junto com o pai e , de
repente, teve uma infecção respiratória. Faleceu em uma semana no hospital da
cidade próxima.
A velha senhora se aproximou do túmulo e acendeu velas. Fiquei observando. Fiz
uma oração para o rapaz, mas percebi que o espírito dele não estava ali. Mas
ele tomou conhecimento da oração materna. Corrente espiritual mãe- filho é algo
muito poderoso. Os dois se davam muito bem quando ele ainda estava na Terra.
De repente, um vulto branco se formou
na minha frente. O rapaz apareceu próximo ao túmulo e conversou comigo
mentalmente.Contou que estava muito bem e sempre olhava pelos pais. Perguntei
onde ele estava exatamente e se costumava visitar o túmulo onde seu corpo
estava enterrado. Ele afirmou que não. Compreendia que seu corpo material foi
muito útil quando encarnado na Terra, mas agora não precisava mais dele.
Perguntei o que sentia quando a mãe orava por ele no cemitério. Ele falou que a
ligação espiritual através da prece era imediata. Ele ficava muito feliz,
porque se sentia amado e lembrado. E , geralmente, se aproximava da mãe para
revê-la. Falou que a oração era o elo que os ligava e, não exatamente, o local
onde ela estava.
Dona Geralda não percebeu minha presença
espiritual, mas estava orando com muita fé para seu filho.
- Seu filho ficou muito feliz com sua
oração.- mentalizei. Ela não me viu, mas sentiu um leve bem estar.
Dona Geralda ficou com os olhos marejados de lágrimas:
- Um dia, Deus virá me buscar e sei que vou reencontrá-lo.- pensou convicta.
Continuamos no cemitério. Segui dona Geralda até o Santo Cruzeiro local sagrado
onde as pessoas faziam suas orações para as almas. Quando cheguei ao cruzeiro
senti um arrepio de frio. Vi uma imensa cruz de madeira fincada no meio do
cemitério rodeada de velas acesas. O cheiro forte de velas não era agradável.
Fiquei um pouco aflita. O Santo Cruzeiro ficava nos fundos do cemitério próximo
ao muro. Junto ao muro percebi muitas imagens de santo quebradas e danificadas.
Não me senti muito bem. Vi alguns vultos. O espírito de uma mulher se aproximou
de mim. Estava aflita e chorava muito. Queria voltar para casa e não conseguia.
Percebi que não sabia que havia desencarnado. Orei por ela.
É um costume religioso deixar imagens quebradas no cruzeiro dos cemitérios e
também junto aos cruzeiros em beira estrada. Até agora, não sei qual o efeito
dessa atitude. Dizem que não é bom jogá-las no lixo. Talvez seja uma atitude de
respeito com relação às imagens. No entanto, não é agradável deparar com esses
santos quebrados.
Geralda acendeu um maço de velas junto à grande cruz de madeira. No momento da
oração, uma luz se formou em volta da velhinha. Aquela senhora não estava
pedindo nada para ela, mas sim para os outros. Sua boa intenção era luz em sua
vida. Perto dela se aproximaram alguns vultos escuros. Espíritos aflitos. No
entanto, a luz que emanava daquela senhora católica impedia qualquer vibração
inferior. Nada ruim a atingiu.
Afinal, o que é alma?
Um espírito encarnado. Alma:
espírito + matéria. No entanto, nem todos pensam assim. Uns acham que a alma é
o princípio material da vida, o sopro carnal. Extinguindo esse ,a vida cessa.
Outros acham que alma designa todas as pessoas que já morreram. É o ser
imaterial!
Por que as pessoas fazem novenas para as almas? A oração para as almas têm o
objetivo de conseguir graças materiais, curas na saúde e pedidos urgentes. No
entanto, será que esses espíritos que estão no cemitério têm condições de nos
ajudar?
Grande parte deles não. Estão desesperados, confusos. Alguns são maléficos e
têm uma energia ruim. No entanto, o que vale é sua intenção. É a prece que vai
atrair a classe de espíritos. Qualquer oração benéfica traz alívio aos
espíritos necessitados. A luz da vela atrai espíritos sofredores que correm
desesperadamente para a luz. Muitos ficam muito gratos com as orações. E,
quando estão em condições, podem nos ajudar.
Dona Geralda terminou suas orações. Passou por ela um vulto de uma jovem
envolta em luz. Ela estava alegre e feliz. Conversou comigo telepaticamente:
- Essa senhora vem aqui toda semana rezar para minha mãe. Minha mãe ainda está
na Terra. Eu parti há dez anos. Adoro minha mãe,mas ela está muito doente.Fico
enternecida com as orações da dona Geralda. Quando tenho permissão eu a ajudo.
Dona Geralda é uma senhora caridosa!
As obrigações espirituais da dona Geralda haviam
terminado. Aparentava setenta anos , mas tinha sessenta e cinco anos. Costumava
trabalhar na roça e ajudar o marido no plantio e colheita de sementes e
legumes. O sol causticante e a vida difícil traçaram um mapa de rugas em seu
rosto. No entanto, seu olhar era juvenil. O corpo parecia saudável .Caminhava
com desenvoltura.
A gente se despediu no portão do cemitério. Dona Geralda sempre me fazia
visitas espirituais, mas nada lembrava quando ao despertar. O que importava
mesmo é nossa ligação espiritual. Enviei para a nobre velhinha vibrações espirituais de paz e amor.
Acender velas para as almas é bom?
Qualquer oração bem intencionada é luz no seu caminho.
Deus está sempre presente!
No entanto, faça sua parte seguindo os exemplos de Jesus e atrairá sempre
espíritos benéficos!
Bibliografia:
Trechos em negrito:
O livro dos Espíritos - Allan Kardec- tradução de J.Herculano Pires.
pág.91.
Rosa Maria Cigana- psicografia- Sandra
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